Jogo do estica-e-puxa
Falando dele, que é vício, não adianta, o Orkut, participo de uma Comunidade que chama-se "Barra Mansa do Século Passado". Lá, as minhas amigas de infância, de quando eu era criança pequena lá "na" Barra Mansa, ficam lembrando, relembrando, remoendo, mexendo coisas "daquela época".
Nunca me imaginei, há alguns (talvez 15) anos atrás, que falaria do passado, assim como minha mãe fazia e eu pensava: "caraca, como ela é chata!".
É uma introspecção esquisofrênica. Eu sei. Mas só estando velha para questionar sobre velhice, chatice, ridiculice, cafonice. Por acaso dá pra pensar nessas coisas quando se é adolescente? Bem, há espinhas, acnes, mal cheiro e muitas inseguranças... coisas de adolescente. Para essas outras, coisas de velha!
Bem, um dos tópicos da comunidade é "Quem debutou X quem riu de nóis". Eu sou daquelas que riu, riu muito. Tudo bem, a cada dia que passa, fico mais parecida com a minha mãe, a Dona Uyara, que, na época dava aula pra metade daquelas que estavam debutando. Mas uma coisa que eu vi que jamais faria, era debutar, assim como ela o fez, de longo, desfilando pelo salão com seu "príncipe". Pasmem: o príncipe da minha mãe era o Ronnie Von!
Minha mãe era uma gata quando jovem! Segundo ela dizia, namorou o tal príncipe. Tinha registro disso, mas num ataque de ciúmes, meu pai rasgou as provas. Ai, mãe, você fez a coisa certa em casar somente com meu pai mesmo. Eu nem queria olhos azuis!
Fazendo um parênteses no assunto, "Deus escreve certo por linhas tortas". Se eu tivesse olhos azuis, ninguém me agüentaria.
Mas voltando, nunca me identifiquei com essa vestimenta, essas frescuras. Eu fui aos bailes de debutantes em Barra Mansa para prestigiar as minhas amigas e para beber.
Em um desses bailes, o príncipe era o Felipe Camargo. Ninguém o "pegou", mas pelo menos teve a intenção. Naquela época não haviam as drogas pesadas dele, a Vera Fisher, as confusões. Ele era lindo mesmo! Já vou eu ficar relembrando ridiculamente as coisas... mas, "geracionalmente" classificando, antes Ronnie Von e Felipe Camargo, à Felipe Dilon. Deus perdoe as "princesinhas" de hoje.
Aliás, outra mania de velha é ficar comparando a nossa infância com a infância "de hoje em dia". Certa vez conversando com uma "dessas" da infância em Barra Mansa, atentávamos para o "perigo" sexual, musical, cultural que nossas atuais crianças estão passando com "É O TCHAN", "TATI QUEBRA BARRACO" entre outras atrocidades. Mas não sejamos hipócritas! Nós tínhamos a Gretchen, o Sidney Magal e ouvíamos "Uma Barata chamada Kafka"! Ah, isso sim é que era música... gente, a Xuxa logo após fazer filme pornô, apresentava um programa com a bunda aparecendo; as chacretes também tinham a bunda aparecendo; a Simony tem dois filhos com um traficante e o Mike é filho de um bandido perigoso! É verdade, eu hoje sou traumatizada por causa das coisas que eu via "naquela época".
Não poderíamos aqui deixar de falar de como mudamos. É, eu não tinha celulite. Sim, eu praticava esportes. MC Donald's nem tem em Barra Mansa. O alimento era nutritivo. Nos alimentávamos com as balinhas, suquinhos e paçoquinhas do Seu Zé. Ai, como as "balinhas do "Seu Zé" eram sadias para os dentes... sem também contar de como o algodão doce do parquinho, o picolé do carrinho, o pirulito Campeão eram nutritivos. Bem mais nutritivos que o Trident sem açúcar e o Tic-Tac de menos de uma caloria por bolinha. Ah, hoje a gente tem Coca-Light, que contém fenilanina. fenilanina é péssimo à saúde. Já não se fazem Grapettes, Crushs, Fantas-uva como antigamente.
Ai, como era bom o Atari. Aquele vídeo-game que jogávamos boxe, tênis, volleyball; Pitfall, Frogger, Freeway; Hero, River Raid, Enduro. Aquilo sim era videogame! Quantas opções! Podíamos pular em cordas por cima da cabeça dos perigosos jacarés (eram jacarés, né!?), jogar uma partida "pau-a-pau" com a bolinha quadrada, atravessar a rua travestido de galinha ou sapo, desviando dos caminhões, carros, tanques (tanques?)... Alguém me ajuda a lembrar, só pra concluir o parágrafo, naquele jogo do sapo que atravessava a rua, que é que ele virava, mesmo, depois que pulava sobre aquelas coisas marrons que andavam de um lado pro outro? Não importa... era muito melhor do que a violência com armas supersônicas 3D do PlaystationII. Que ridículo o The Sims... que graça tem você definir a personalidade, a roupa, a moradia, os namorados, os móveis da casa, os acessórios da personagem? Esses jogos de hoje... tsk, tsk...
Meninas, nós tínhamos o "mullets", nossos patins tinham freio na frente, assistíamos o Pica-Pau fumando charuto... isso sim é que era vida!
Pra finalizar, naquela época eu ainda não tinha rugas; tinha acnes. Meus cabelos não eram brancos; tinha mullets; não tinha joanetes; usava Konga. Minha lombar não doía; fazia esportes. Meu fígado era inteiro; caraca, não bebia. Era chata; porra, não dava!