A pior coisa do mundo é saber das coisas. Minto, há uma coisa ainda pior: achar que conhece. Nesse mundo acadêmico/científico nos deparamos com as duas piores coisas do mundo. Pütz, lembre que há o calabouço* das piores coisas: desconfiarem da sua inteligência. Explicarei nas próximas linhas...
Ao longo dos anos o gostar de leitura teve que acontecer! Até porque para ser professora a pessoa necessita dialogar utilizando ferramental que pode ser encontrado na leitura, aliando à experiência, a perspicácia e a maneira de olhar. Além disso, fica muito difícil falar pro aluno que ele deve buscar informações nos livros de maneira hipócrita. Eu não consigo. Muito mais, pior ainda, falar de uma experiência que não se tem. Fica feio. Então, não tem muita saída... a credibilidade do profissional está na verdade. Mas não é bem disso que eu gostaria de falar hoje, só um desabafo!
Vimos por meio desta te enrolar. Falei que eu sou do time da verdade. Só que nem tudo que a gente lê se predispõe a te contar o que realmente vai fazer. Já li autores que te enrolam por páginas e páginas até dizerem o que realmente importa naquele conhecimento. Não se trata de romance. Jorge Amado por exemplo, assina uma espécie de contrato com o interlocutor. Descreve uma baiana por horas. E você está ali firme porque já aceitou o desafio. Na Academia é diferente... tem leitura que dá vontade de parar, mas você nem pode. Prisão. Daí, só acreditando que aquilo ali vai ter serventia no futuro. E não é que tem!?
Minhas fichas demoram a cair. A falta de hábito de leitura cedo fez com que a minha inteligência fosse mais limitada. Sou esperta pra caramba com a vida, mas toda vez que vejo uma apresentação de trabalho de uma pessoa super inteligente, penso: "o que eu estava fazendo enquanto essa pessoa estava lendo todos esses livros?" Ah, falei anteriormente que há uma hipocrisia e uma verdade. Tem gente que mente também nas apresentações e talvez tenha lido orelhas o tempo todo, repetindo a citação dos mesmos trechos! Sério! Mas os meus amigos... nossa, como eu os admiro em suas verdades!
Uma coisa que me ajuda muito no trato com as palavras é a sonoridade delas e a minha apropriação para significados. Havia um tempo em que eu tinha uma turma que "trollava" um chefe por causa de seu vocabulário. Me recordo do dia em que ele mandou um "sine et qua non" em uma conversa e eu pedi um de natal pro meu pai. Em uma bronca o rapaz pediu para a turma se "cotizar" e colega disse que ia fazer muito disso no seu próximo fim de semana em Mauá. E por aí vai...
Estranhei a primeira vez que li "arcabouço" e me veio à mente uma armadilha na leitura. Pensei: "lá vou eu me afundar nesse *calabouço. Pior que eu tinha razão... conhecimento é um buraco sem fundo!
Existe um termo carnavalesco para a situação aqui mencionada: "à guisa de..." Não dá para não pensar no pierrô: o da colombina!
Tem uma palavra que remete à moda: "cabedal". Esse aí tem em qualquer boutique! Fico imaginando vestidos estampados pendurados ali. Também tem relação o significado.
Falei da falta do hábito de leitura, mas esqueci de dizer que sempre li histórias em quadrinhos, vi filmes, assisti desenhos, joguei videogames, li revistas de todos os tipos... Ler figuras também é ler. Se eu pudesse voltar no tempo, tinha jogado menos bola, saído menos com os amigos, andado menos de skate, contaria menos piadas e seria, com certeza, uma pessoa mais chata! Só que essa sou eu!
Bem, hoje vivo uma vida das quais minha mãe se orgulharia na luta. Mas tenho certeza que está lá no seu túmulo igual a um frango assado! Vida de professora é uma coisa que ela não desejou para mim. Só que ela se esqueceu de dizer o quão bacana é! Ninguém tira essa troca de experiências que é viver de ser professora. Melhor que ler quadrinhos.