segunda-feira, setembro 26, 2016

Círculos, triângulos e quadrados

Uso as três formas básicas do Design alemão, do desenho da vida e das várias representações para dar título ao último suspiro da vida estrangeira! Daí, venho utilizar a máxima "acabou o milho, acabou a pipoca" para ilustrar o momento!

Tenho várias notícias boas e muitas más para o êxito... das boas, ainda sou Flamengo, Mangueira e lésbica... aliás, sou Ariane... para manter o clichê, se ela fosse uma lâmpada, eu seria eletricista! Então, sou Flamengo, vendi o Fusca e o violão para estudar e tenho uma nega para assistir TV à cabo! É isso!

Das más, começo por aquelas em que eu volto mais terrível do que nunca! Agora, ao invés de virar 16 palitos de dente no bar, minha boca sustenta 20... sei chingar em espanhol, conheço as desvantagens de se morar fora e, se me perguntarem: "ao ir à Europa, o que posso fazer?", respondo: "vá à Espanha!" - Até porque eu não saí dela em um ano! Talvez eu volte à Espanha nas próximas viagens, e mais e mais! Olha, melhor do que ir à Disney, creio eu! Tipo cachaça! Ah, e para conhecer a Espanha, talvez não seja tão necessário ir à Barcelo, apesar de lá ser muito legal!

Das andanças por aqui, os "pueblos" (aquelas cidadezinhas tipo Quatis), são as grandes descobertas! Se come bem, se conhece gente, mas, muito mais do que isso, a paisagem muda muito! Amo mudar de paisagem! E, se me perguntarem sobre o que se faz de melhor viajando, digo: "o melhor é se perder!"

Agora sobre a cultura... tudo é diferente... aceite (um trocadilho)! O espanhol é diferente do português, assim como a vivência da língua é diferente para qualquer pessoa. Porém, aqueles bens humanos como gentileza, afeto e humildade, funcionam em qualquer parte da Espanha! Amo a troca e a aproximação, assim como a música e a conversa. Os espanhóis amam pessoas que cantam e entendem de música brasileira! Então, em termos da musicalidade, tiramos de letra! Isso ajuda muito no item "fazer amigos" da viagem!

Em relação ao tempo de estadia... cada um tem o seu... eu, de 40 anos, com facilidade de comunicação, mas com algumas restrições de moradia, um ano foi bem justo! Não dá para viver a cidade, a adaptação, as pessoas, as encanações, a saudade, o coração e a escolha com menos que isso! Confesso que fiquei com saudades, com medo, restrita e aberta em demasia... mas viveria tudo de novo! Acho que só abriria mão do tombo que eu levei na escada.

Uma das coisas mais difíceis em se trabalhar é a expectativa dos que ficaram na terrinha. Só que tem uma coisa... a base é a que sobressai... ou seja, o amor de verdade é o que mais conta nas pirações individuais... Bem, me abrindo aqui, não se tem dinheiro para o que se quer, sempre se questiona acerca dos objetivos e, "o infinito particular" tipo Marisa Monte tem muitas cores e tamanhos ao longo da via. Agora, o "faça a sua parte" e o "não se perca ao entrar", fazem o maior sentido em uma tomada de decisão como essa! O amor é fundamental!

Não tenho como explicar aqui sobre a principal pergunta que mais me fizeram ao longo da minha estadia: "valeu a pena?" Bem, como em todo e qualquer ensinamento só se digere depois, só se colhe depois. Raciocinando sobre o atual comportamento da maioria das pessoas, posso sugerir que o pagamento da colheita só vem depois que se planta, nunca antes. Por isso não desisti de vir. Sei que colherei muito, pois o investimento foi grande.

Estou aqui em vias de ir embora, super acolhida com a vinda de amigos, com a minha ida para ver outros pela Espanha e digo que só tenho que agradecer... tantas e tantas revelações e demonstrações de afeto apareceram, que nem tenho coragem para pedir. Uma coisa certa... para pedir, venha à Espanha. E para agradecer também: aos amigos antigos e novos, aos telefonemas com horas de conversa, ao gin de morango, ao jamon, às juderias, rios, pontes, overdrives, gentilezas, à Jesus e aos Jesuses, ao Antônio, Antônios e Antônias... à Dany, Dani e Ariane... ao papai do céu, ao papi na terra e às mães! Bem, aos amigos que deixo e àqueles para os quais eu volto.

E a tese? Deixa comigo! Agora me pergunte sobre a vida... aquela que vem pela frente!