sexta-feira, junho 10, 2016

Sobre acidentes, peripécias & outros desvarios no estrangeiro

Post dedicado à minha irmã médica e à amiga Juliana Borges, a melhor fisioterapeuta que conheço: ambas leitoras ímpares de Raios-X!

Quem me conhece sabe que sou uma pessoa muito desastrada! Tão desastrada que sou capaz de tropeçar com o dedo (da mão) como já aconteceu inúmeras vezes... Acontece que sou daquelas pessoas que compram carro grande e nunca se acostumam com o tamanho, batendo em poste e em outros carros. Pois é, mas o tamanho do meu chassi é defeito de fábrica, assim como o sensor de ré (opa!?), parabrisas, entre outros periféricos que auxiliam na segurança. Mas agora o airbag é muito maior, assim como os estofados. E isso já me salvou!

Antes de contar essa história vou dar um giro no passado. Cada vez que eu caía, minha mãe quando ficava sabendo entrava em pânico. Não, não era por medo de perder a filha ou porque ficava preocupada com o bem estar da cria... ela ficava apavorada em gastar muito pra arrumar os dentes. Um dia ela disse para a minha irmã... aliás, repetia inúmeras vezes: "gastei um carro ZERO nessa boca!" Foi quando num famigerado dia que, eu jogando basquete na quadra do colégio no mesmo horário que ela dava aula, caí e bati com o que no chão? O dente da frente, é claro! Adentrei à sua classe de História do Brasil (onde estavam muitos amigos meus) com a mão na boca... já era! Só trincou... mas não escapei da frase: "já gastei um carro ZERO na boca da tua irmã, agora você!?"

Deixa eu explicar essa coisa do carro ZERO... é que naquela época, aparelho de dente se pagava com um salário mínimo por mês, além de uma entrada "gorda" para custear os moldes e as radiografias panorâmicas do seio da face. A primeira vez que ouvimos isso, foi quando a minha irmã enrolou seu aparelhinho no guardanapo para comer pizza em um restaurante que ficava no alto de um posto na nossa cidade. (Sorrento, barramansenses!) Pode apostar... papai e mamãe reviraram o lixo pela madrugada adentro e acharam...

Para quem já usou aparelho móvel, com certeza tem uma história tragi-cômica para contar. A minha, no caso, foi quando eu parei para desenhar na mesa do meu quarto, que continha acima uma prateleira com uma coleção de cervejas (cheias). Não sei o que aconteceu, mas isso tudo veio abaixo, na minha cabeça, no desenho e, é claro, em cima do aparelho móvel, que de certo não estava dentro da minha boca! Naquele dia, além de muito esporro, escutei três célebres frases contínuas: "Essa mesa está com os dentes certiiiinhoooossss!", "EIXTE quarto parece um botequiiiimmmm!"... a outra dá para advinhar: "Gastei um carro ZERO NEIXTA BOCA!"

Ah, além de desastrada, tenho medo, ogeriza, pânico de sangue... e de agulha! Mas isso eu vou deixar para outro post...

A primeira que tenho que contar do estrangeiro foi que descobri a bicicleta como meio de locomoção e de exercício. O negócio é tão bom, que virou meu principal meio de transporte. Sevilha é toda plana, com muitos parques e a violência é ínfima perto da realidade do Brasil. Às vezes volto de bike para casa, que, além de uma opção barata eu chego rápido. Sempre evito o álcool e direção, só nessa brincadeira eu já caí três vezes. Uma vez foi em uma avenida grande, perto da minha casa, voltando da faculdade. Sou "baixota" mas gosto de manter o banco da bicicleta um pouco mais acima para ter mais conforto na hora de pedalar. Isso faz com que eu fique na ponta dos pés e, todas as vezes que eu tenho que parar, recorro a um apoio: uma calçada, um toco, um tijolo, um poste... um treco branco que divide a rua no qual se coloca água dentro para pesar... mas estava vazio. Eis que tento me equilibrar, tentando não cair ou derrubar o negócio, apoio na grande que não tem a menor firmeza: chão! Olho para trás e vinha uma legião de adolescentes... seus 14 anos... uns 30 deles! Aff...

A próxima foi mais séria. Amiga bêbada no bar, não se aguentando nas pernas, resolvo levá-la em casa. Sevilha tem seus prédios velhos e escadas gastas de mármore ou pedra. Descendo a escada, depois de algum trabalho em colocar a amiga para dentro, escorrego de chinelAs Havaianas nos três últimos degraus, fazendo bater a bunda com toda força e sair rolando... daí a vantagem do "estofado" maior. Volto para o bar donde estávamos para dar notícia, fingindo que nada acontecia, mas doía, estava inchado e incômodo! Saio para procurar um taxi e não acho no caminho, não consigo mais andar, ligo para seguro, ambulância, taxi... desmaio... acordo com um bom homem me acudindo: Antônio. Vou de ambulância para um hospital igual ao do Brasil... logo fui liberada com a indicação de compressas de gelo e anti-inflamatórios. Agora minha bunda, que já não era segredo para ninguém, também já é bastante conhecida em Sevilha: "E aí, como vai sua bunda?"

Pula... meu seguro é ótimo, está marcando exames, consultas, pagando remédio, transportes... uma maravilha! Paguei caro nessa coisa depois da notícia daquela mulher que caiu de balão na Capadócia e não tinha como voltar pro Brasil. Daí, ressonâncias, medos  e raios-X, recebo o diagnóstico da dupla de saúde citada acima: "desvio de coluna postural, ossos normais, mas... o que é isso aqui?" "Gente, que coisa é essa nesse exame, gente?" "Um anel?" "Kitty, você engoliu alguma coisa?". Daí vem um termo médico para salvar: "Me parece um dispositivo alheio". Todo castigo pra corno é pouco, né!?