Ice hot

Hoje recebi um e-mail dos novos brinquedinhos e tinha um, cujo Beira-Mar vinha numa embalagem com o nome "Comando Vermelho em Ação". Era um bonequinho, que podia vir em um kit que constava de metralhadora, telefone celular e um ônibus do Playmobyl pra "tocar" fogo. Cara, muito inteligente isso! O slogan do brinquedo é: Faça sua própria Chacininha! Perfeito...

Quando vi isso, já estava quase levantando pra pegar a mala e ir pra rodô pra vir pra Lorena.

Sabe, contando ninguém acredita, que dá vontade de "tocar" fogo em ônibus, assim, tipo Beira-Mar de vez em quando.

Saio da minha casa, puxando uma mala de rodinha (professora não pode andar com sacola), atravesso a rua e pego um ônibus, cujo leva um número (no Rio, ônibus é por número) 996 (se não fosse pelo 9, seria o ônibus do capeta). Espero o danado chegar uns 2 ou 16 minutos enquanto passa o 740 (Leme) duas vezes, a Van pra Copacabana 2 vezes, o 998 (Galeão) duas vezes, até que a condução pra carregar a retirante até à rodoviária Novo Rio chega. É raro quando o motorista para com a porta em minha frente ou pelo menos faz a gentileza em me deixar entrar pela porta dos velhinhos e dos aleijados, pra eu não ter que passar na roleta levantando o "porta-calcinha". Mas hoje o moço era bonzinho.

Peguei o projeto de inferno e o ar-condicionado tava "no úrtimo", quando saquei a minha linda jaqueta de couro e coloquei assim, por cima dos braços pra não ter que aguentar o frio. Mas ônibus no Rio, é prudente que o passageiro fique com as duas mão liberadas, pois os motoristas são do estilo "balanga os boneco" e tão pouco se ferrando se a gente tá segurando ou não. Na opção de tombar pro lado ou passar frio, optei em pensar: "Ah, é ó até ali..."

É importante dizer que antes de chegar na rodoviária do Rio, o ônibus pára em um ponto (até então vazio) e entram muitos, mas muitos surdos-mudos, que quem não sabe do fato, deixa de descer na rodoviária se não grita: "quero descer!!"... enquanto a linguagem universal do interior do ônibus é "ababaú, abáu, aú", pedir licença não funciona. A gente opta em sair cutucando um por um e fazendo sinal com a mão.

Cheguei na rodoviária com estagalactite no nariz, mas bem. Desci, depois de cutucar meio ônibus (surdos-mudos em pé pelo caminho) e carregando a mala nas costas. O problema, não é a mala de rodinhas vagabundas, mas sim o solo da cidade que é todo esburacado. Falei hj até pro meu fiel parceiro (não-sexual, pq pegar amigo dá monstrinho): "Essa mala não dura 3 meses!"

Subi até o guichê da Viação Sampaio (que a minha amiga Letícia não lia isso) e comprei o raio da passagem. Desci para o ônibus, um pouco mais aquecida e quando coloquei os pés no inter-estadual, meu pé gelou! Pensei: "essa caralha desse ar-condicionado de novo!"

Não sei que curso de qualidade total que esses donos de Viação fizeram, que disseram para eles que oferecer serviço, é servir aguinha gelada em copinho, café amargo e ar-condicionado "cascando" no interior do ônibus! Não sei o que dá mais raiva: se é o selo ISO-9003 no vidro ou o aviso "ar-condicionado com temperatura ambiente". O pior é que o infeliz do motorista passa um calor absurdo na cabine. Resultado: vim a viagem inteira tendo aula de motor de VOLVO, que tava super-aquecendo na Serra de Cruzeiro, depois de ter feito uma temporada de xixi no banheiro (lá é sempre mais quentinho).