Hoje estou me dando ao direito de colocar um título em uma postagem e fazer com que o texto tenha alguma relação com ele. Não há como não se comparar ao personagem que larga toda uma vida, principalmente a material para viver em um lugar inóspito! É assim que me sinto, mesmo tendo escolhido uma terra para viver que falasse uma língua próxima ao Português. Ledo engano...
Bem, fui capaz de deixar para trás as coisas que amo sim. Vendi meu carrinho verdinho que foi uma dureza para pagar e deixei meu apartamento alugado, após ter deixado um pouco do meu jeitinho. Larguei meus amores TODOS, mas trouxe o Victoria's Secret! Tudo bem, custa 9 Euros, mas isso hoje está valendo tanto...
Quando cheguei aqui vi o povo muito largado, sem dente, cocô de cachorro por todos os lados e muita gente fedida na rua. Pensei comigo mesma que eu não estava tão mal assim com aquele cabelo lavado no sabonete (postagem anterior). Pois bem, cheguei para morar em um hostal muito bem localizado... saí de Santa Teresa e vim parar no Leblon de Sevilha. Pois agora, nada dá jeito nesse cabelo de 5 cores sob a ação do tempo! Sou a pessoa mais maltrapilho de todo o sul da Espanha! Estou testando o terceiro creme.
Saí para comprar um casaco e comprei logo dois no El Corte Ingles. Agora estou eu, os dois casacos e a mala ENORME com as rodinhas empenadas morando na gaveta de guardar turista! Vou voltar depois de amanhã para a Lapa de Sevilha e aí tudo ficará bem de novo! Como diz uma amiga que mora aqui na Espanha: "Amiga, você não está na Europa... você está na África, entende?"
Comecei o assunto anterior para contar a saga na busca por apartamentos. O Brasil de hoje saiu do mix de índio com o povo daqui. Apesar de tomarmos um pouco mais de banho, há gente como a gente em todo lugar. O duro é que mesmo assim, não dá para se sentir em casa! As casas são muito esquisitas...
Procuro apartamentos com a ajuda dessa amiga e do seu marido espanhol. Não, infelizmente ela não está aqui na "África", ela está lá bem perto da França e de Santiago de Compostela. Então, tenho visto cada coisa que me despertou as mais variadas sensações e reações, indo de choro à vômito! À cada visita uma surpresa. As pessoas largam tudo para trás quando deixam as suas casas... até comida! Estou me deparando com cheiros nunca antes sentidos.
Por falar em cheiros, há uma vantagem de se estar no Leblon... Todos os dias saio daqui, passo no El Corte Ingles e utilizo uma amostra de perfume diferente! As tias daqui são muito cheirosas, mas duvido que investem 80 Euros num perfume! Mas gastam com cabelo, viu!? Em todas as conduções estão aqueles cabelos TUFO, todos trabalhados no laquê, com bastante espaço de armazenamento de vento! Contem isso para a Dilma!
Recebi um conselho esses dias que eu ficasse longe dos brasileiros! É, estou longe mesmo! Tão longe que dói! Mas, para passar a saudade encontrei-me com a bicicleta. Foi a maior descoberta para a solidão... aqui, você aluga uma bike por 7 dias e usa quando quiser. Tem pontos espalhados por toda Sevilha. Descobri que essa cidade tá é pequena! Daí, será a hora de estar com um espanhol melhor e ir à luta!
Até que a vida no hostal não é tão ruim... o fato da água não escorrer durante o banho de 0,70M2 (não cabe a minha bunda no chuveiro) e meus pés ficarem imersos, não é de todo ruim. Aliás, o que os franceses cozinham em microondas que fede tanto? Cada vez que chega um francês aqui o cheiro se espalha pelo corredor!
Tocando no assunto dos franceses e chuveiro, digo que consegui colocar os dois na mesma frase. Juro, eu tomei banho e, enquanto eu me enxugava, uma francesa deu três borrifadas na ducha e puxou a calcinha que estava para o lado de fora do box! Pensei: uma borrifada em um sovaco, outra no outro sovaco e a última na perereca. E assim, essa última que disse, teve que ser na zona do campinho (o lugar onde batem as bolas) para que pegue também a zona anal!
Voltando aos odores, estou sentindo muita falta do Confort! O sabão em pó daqui não tem cheiro e o amaciante tem cheiro de elixir paregórico
É, admiro muito quem larga tudo... não tenho a menor vocação para me desprender das coisas materiais e ir à luta! Estou encarando essa vida como um regime: na terceira semana a gente se habitua. Se não se habituar, volta à etapa anterior e começa tudo de novo! Até porque sou aquela boa e velha Kitty, craque em recomeços!
Desejem-me sorte!